Depois do ruído
For years, I've imagined this trip.

There has always been a silent desire to get to know the Azores - this part of my country that seems almost outside of it, where time runs differently. For one reason or another, I kept putting it off. Maybe the right time hadn't come yet. This time it did. I believe it was because it had to happen now: at the right time and with the right person by my side.

The world is noisy, rushed, saturated. Here I found the opposite of that. A place that is small and huge at the same time. Where the climate, the sea, the colors and the people live in the same calm rhythm. There is a harmony between those who live here and nature, as if no one is trying to dominate anything - just coexist, with respect.

I didn't come looking for postcards or the best photo. I came to observe, to feel, to share. I wanted to keep what can't be explained: the atmosphere of a place, the sound of water, the fog coming in from the road, time suspended. To record what disappears and what endures. Giving space to details, gestures, faces, worn-out houses, damp mornings and silences full of stories.

It was a reunion with myself. After a year marked by loss, change and fatigue, I found in photography a way to slow down, breathe and see more deeply.

This is my vision - a personal portrait of a place that, although far away, I always felt close to. Each image is a fragment of that experience. And even if the world keeps spinning fast... there are moments that remain.

And they stay whole.
Durante anos, imaginei esta viagem.

Houve sempre uma vontade silenciosa de conhecer os Açores — este pedaço do meu país que parece quase fora dele, onde o tempo corre de maneira diferente. Por uma razão ou por outra, fui adiando. Talvez o momento certo ainda não tivesse chegado. Desta vez, aconteceu. Acredito que foi porque tinha de ser agora: no momento certo e com a pessoa certa ao meu lado.

O mundo está barulhento, apressado, saturado. Aqui encontrei o contrário disso. Um lugar pequeno e imenso ao mesmo tempo. Onde o clima, o mar, as cores e as pessoas vivem no mesmo ritmo calmo. Há uma harmonia entre quem cá vive e a Natureza, como se ninguém estivesse a tentar dominar nada — apenas coexistir, com respeito.

Não vim à procura de postais nem da melhor fotografia. Vim para observar, sentir, partilhar. Quis guardar o que não se explica: a atmosfera de um lugar, o som da água, o nevoeiro a entrar pela estrada, o tempo suspenso. Registar o que desaparece e o que resiste. Dar espaço aos detalhes, aos gestos, aos rostos, às casas gastas, às manhãs húmidas e aos silêncios carregados de histórias.

Foi um reencontro comigo mesmo. Depois de um ano marcado por perdas, mudanças e cansaço, encontrei na fotografia uma forma de abrandar, de respirar e de ver com mais profundidade.

Este é o meu olhar — um retrato pessoal de um lugar que, apesar de longe, sempre senti perto. Cada imagem é um fragmento dessa experiência. E mesmo que o mundo continue a girar depressa… há instantes que ficam.

E ficam inteiros.
São Miguel, Azores
2025
Day one | Dia um
Day two | Dia dois
Day three | Dia três
Day four | Dia quatro
Day five | Dia cinco
Day six | Dia seis
Back to Top